De forma consciente, e não troquei as palavras, não faltamos ao trabalho por dois motivos óbvios. O primeiro é: trabalhamos porque temos que sobreviver. Já o segundo é: faltar ao emprego injustificadamente conduzirá indubitavelmente à uma demissão involuntária.
Vamos abordar o primeiro ponto. Temos que pagar as contas de água, energia elétrica, temos que satisfazer nossas necessidades básicas como comprar alimentos e roupas. Entretanto, embora como dissemos, estamos “conscientes” de tais coisas, dificilmente alguém conseguirá se manter motivado por muito tempo no trabalho se só comparecer a ele por medo de ser mandado embora ou se trabalhar apenas para satisfazer suas necessidades básicas.
Por isso automaticamente nosso consciente acaba por fazer-nos esquecer momentaneamente desses problemas quando trabalhamos. Ele acaba por transferir as preocupações com essas despesas rotineiras para o inconsciente. É o que chamaremos de Efeito de Motivação Inconsciente.
O leitor deve estar pensando que esse tópico apenas se aplica aos executivos que não necessitam se preocupar com as despesas rotineiras. Afinal, tais despesas são apenas parte mínima de sua preocupação. Engano seu.
Certa ocasião, enquanto aguardava uma reunião com o responsável pela área de treinamentos de uma loja de tecidos, fiquei ao lado de um dos balcões de atendimento, mais ao fundo da loja. Ao meu lado estava um atendente do balcão com experiência de dez anos de profissão. Iniciamos uma breve conversa, uma vez que a loja estava vazia. Ele reclamava de como as vendas estavam ruins, e de como estava desanimado com a profissão de atendente. Nesse momento entrou um cliente pela porta. Ele cochichou para mim: “-Lá vem o pagamento de minha conta de luz.”
Posteriormente, ao realizar a consultoria, pude notar que ele era um dos que tinham péssimos resultados de venda. Pude perceber que o grande problema para ele não era falta de técnicas, pois tinha participado de vários cursos de vendas e era realmente muito experiente. O grande problema era justamente a maneira como ele estava encarando o cliente. Ele estava deixando que, justamente na hora do atendimento, as preocupações financeiras se transferissem do subconsciente para o consciente. Isso fazia com que ele se preocupasse muito mais em convencer do que em atender. Acabava ficando desesperado para vender a todo custo, o que afetava a naturalidade do atendimento.
É admissível que nos preocupemos de vez em quando com as necessidades básicas, especialmente quando por algum motivo excepcional as contas atrasam. Porém, a partir do momento que você trabalha constantemente com essa preocupação, a pressão exercida compromete sua motivação. Daí o grande motivo de mantermos nosso aspecto financeiro equilibrado.
Por alguns meses podemos, sim, trabalhar com o objetivo de saldar um débito bancário, um empréstimo, ou quitar algumas prestações atrasadas. Nesse caso, esse objetivo deverá ser encarado como Motivação Consciente, abordado no artigo anterior. Um amigo me disse que colocou a débito atrasado de energia elétrica afixado na porta da geladeira e todo dia olhava para ele antes de ir para o serviço. Isso o ajudava a “criar forças para trabalhar”. Sinceramente, não creio que lembrar da conta de energia atrasada na hora da execução de um serviço profissional seja motivador, especialmente se seu trabalho requer concentração . Tais preocupações devem ser trabalhadas para manterem-se no subconsciente durante a jornada profissional. Bons exemplos do que estamos falando são os artistas, seja ele em qual ramo atuar, especialmente os circenses. Imaginem um palhaço em suas apresentações. Qual seria sua empolgação se deixasse que tais preocupações transpusessem sua atuação no picadeiro?
Abordando o segundo ponto, podemos afirmar que uma das respostas que você obterá se perguntar em uma pesquisa de rua sobre o motivo daquela pessoa estar indo trabalhar naquele dia será: “- Não quero faltar e arriscar perder o meu emprego.” Sim, faltar ao emprego injustificadamente, conduzirá indubitavelmente à uma demissão involuntária. E quer voce esteja contente com o seu emprego atual, quer não, dificilmente alguém dá-se ao luxo de arriscar ficar desempregado por um tempo, uma vez que atualmente a demanda por emprego é maior que a oferta por ele. Conclui-se com isso que o receio de perdermos nosso emprego atual também age como efeito motivador.
Por - Lucídio Rodrigues Ferreira - Doutoratendimento.com
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