Como evitar conflitos no trabalho, se destacar durante a crise e crescer quando ela passar
Apesar de engraçado, o desenho se assemelha a uma representação do inferno corporativo. É o chefe tentando puxar o tapete do colega de equipe; o gerente que quer dar um murro nas fuças da diretora, por não conseguir alinhar com ela as metas para o trimestre; o analista que, observando todo esse caos, não vê a hora de a sexta-feira chegar, para descer a serra rumo à praia; e a assistente que, diante de tudo isso, só pensa em procurar um emprego novo. Pois é, o desenho é um esboço do que pode vir a ser o seu dia-a-dia este ano.
Estamos diante de uma das maiores crises econômicas da história. O impacto dela sobre as empresas ainda é incerto. Já o seu efeito sobre os nervos das pessoas é imediato. “A crise desperta o medo de perder o emprego e isso leva os profissionais a adotar atitudes defensivas”, diz o professor Joel Dutra, coordenador do Programa em Gestão de Pessoas, da Fundação Instituto de Administração, de São Paulo.
Mas não é só isso. Mudaram também as regras do jogo e aumentou a pressão sobre os altos executivos — vice-presidentes e diretores. Isso torna a cobrança maior nos níveis abaixo dos cartolas. As avaliações de desempenho, antes feitas de forma descontraída e até displicente, visto que os resultados eram quase sempre garantidos, agora ficam bem mais sérias. Daqui pra frente, é bom ser muito específico ao justificar uma meta não atingida. Diante desse quadro, os conflitos emergem com mais facilidade. “Perde-se a descontração e o escritório pode virar um barril de pólvora”, diz o professor Joel. Se deixar contaminar pela tensão que está no ar, pode ser uma terrível armadilha para a sua carreira.
Por isso, mapeamos as situações mais críticas que podem aparecer nesse cenário em que tudo está de pernas para o ar. A reportagem de Você S/A ouviu 23 executivos, especialistas do mercado, acadêmicos, consultores e headhunters para entender qual o impacto dos fatores externos sobre o ambiente de trabalho e de que forma as pessoas reagem em momentos de incerteza. Cruzamos o resultado dessas entrevistas com as histórias que os internautas nos enviaram ao longo do último mês, relatando como a crise está afetando o cotidiano nas empresas em que eles trabalham. Assim chegamos às 20 situações mais desafiadoras nesse cenário (confira na coluna abaixo). A partir delas, apresentamos — junto com os especialistas ouvidos pela reportagem — 56 atitudes que farão você atravessar bem este período de incertezas, superando os dramas e saindo ainda mais forte quando a poeira baixar.
TROQUE O CHIP MENTAL
Antes da crise começar, você era visto como um talento? Então uma má notícia: o cenário mudou para você também. Aproveite o prestígio, mas avalie o que precisa fazer de diferente para se adaptar à nova realidade. “Em tempo de demissão, fica no emprego quem realmente traz resultados e tem as habilidades que a empresa precisa no momento”, diz Cláudio Garcia, presidente da consultoria DBM, em São Paulo.
Antes da crise começar, você era visto como um talento? Então uma má notícia: o cenário mudou para você também. Aproveite o prestígio, mas avalie o que precisa fazer de diferente para se adaptar à nova realidade. “Em tempo de demissão, fica no emprego quem realmente traz resultados e tem as habilidades que a empresa precisa no momento”, diz Cláudio Garcia, presidente da consultoria DBM, em São Paulo.
É TEMPO DE SER POLÍTICO
Fazer política — estabelecer e conduzir relacionamentos dentro da empresa — é fundamental para fortalecer a carreira. Mexa seus pauzinhos, mas com ética. A linha entre a política saudável e a maléfica é tênue. “O que define é a intenção. Você quer adesão à sua ideia ou derrubar a do seu colega?”, diz o consultor José Augusto Minarelli, da Lens & Minarelli.
TÁ NERVOSO? CHÁ DE CAMOMILA
Se você está pressionado, pode perder a calma mais depressa. O jeito é aprender a controlar os nervos. “Para crescer, o profissional precisa entender por que reage assim”, diz Adriana Fellipelli, diretora-geral da Fellipelli, consultoria de recursos humanos. Isso exige autoconhecimento. Na hora do conflito, use uma lição prática: não faça nada enquanto estiver irritado. Espere uns minutos, tome um chá de camomila e, quando a fervura baixar, tome uma decisão.
MEU CHEFE ADORAVA GRITAR
Rodrigo Drysdale, 46 anos, diretor de marketing da Warner Home Entertainment, trabalhava em uma empresa familiar, em 2001, e respondia a um diretor neurótico. O sujeito tinha o hábito de gritar com todos. “Cansei de ver pessoas chorando. Nos dois anos que passei lá, vi uns 12 gerentes entrar e sair”, lembra.
ATITUDE: Para aguentar, Rodrigo não dava ouvidos à histeria e aconselhava o time a fazer o mesmo. Para relaxar, passou a jogar tênis diariamente. E se apegava à certeza de que a situação era provisória.
EVITE SEGURAR O ROJÃO SOZINHO
Não assuma, com boa intenção de colaborar, mais responsabilidades do que consegue. Em 2009, isso pode acabar em demissão.
TEM QUE NEGOCIAR
Você vai ter que ser bom de negociação esse ano. Por quê? Porque o número de controles internos vai aumentar. E a disposição das pessoas em ajudar vai diminuir. E aí, para fazer as coisas andarem, só com muita conversa. Siga essa dica, que vale para chefes e profissionais de outras áreas da empresa. “Durante a negociação, não se prenda ao passado e mostre ao interlocutor o que ele vai ganhar no futuro com aquela ideia”, aconselha Donald MacNicol, consultor em negociações e professor do Ibmec São Paulo.
LUTE PELAS SUAS IDEIAS (DESDE QUE ELAS SEJAM EFICIENTES)
Para conseguir cumprir seus deveres,você vai precisar defender suas ideias. Mas cuidado com as discussões improdutivas. Para ter sucesso num debate, o professor de gestão Robert Sutton, da Universidade Stanford, sugere que o profissional lute pela sua ideia “como se estivesse certo” e ouça o interlocutor “como se estivesse errado”. Faça o dever de casa: estude o assunto antes de abri-lo para o chefe ou colegas de equipe.
FAÇA UM CHECK-UP DIÁRIO
11 perguntas para começar o dia:
• Como a crise está impactando o setor em que atuo?
• A empresa em que trabalho foi afetada? Como?
• Como a empresa em que trabalho está reagindo?
• Como a crise afeta meu departamento?
• O que o meu chefe espera de mim nesse mês?
• As conversas de corredor aumentaram?
• Até que ponto dá para confiar nelas?
• Como a crise afeta cargos como o meu?
• O que eu faço é imprescindível para a organização?
• Quais são os critérios de demissão na minha empresa?
• Como foi meu desempenho na última avaliação periódica?
• Como foi meu desempenho comparado ao de meus pares?
RELAXE E MÃOS À OBRA
Quando as notícias sobre demissão começam a pipocar, bate o medo de perder o emprego. Afaste esse fantasma. Pense bem, há quanto tempo você já lida com a falta de estabilidade no trabalho? “O profissional hoje está o tempo inteiro preocupado com a demissão”, diz Carmelina Nickel, da DBM. Ou seja, antes da crise, você já pensava na questão. Agora que o cenário piorou, mantenha a calma. Se você se desesperar, sua produtividade vai cair. E, aí sim, você se tornará um candidato ao corte.
CAUTELA ACIMA DE TUDO
Apesar do cenário ruim, você pode receber um convite de emprego. Avalie com cautela redobrada cada proposta. Se a situação na atual empresa estiver insuportável, mude. Agora, se estiver com alguma dúvida, o melhor é esperar. Ninguém sabe, nem os economistas e analistas financeiros, como será o dia de amanhã.
INSISTA, SEM SER CHATO
Quando as pessoas estão na defensiva, a primeira reação é rejeitar propostas novas. Portanto, prepare-se para ouvir muitos “nãos”. Para conseguir o que deseja, seja insistente. Tenha tato para saber a hora e a maneira certas de retomar o assunto sem ser chato.
SEJA PARTE DA SOLUÇÃO, NÃO DO PROBLEMA
A ordem é cortar gastos. Bater na tecla de que não há despesas que possam ser reduzidas não vai adiantar. Ao fazer isso, você vai parecer do contra e passará a ideia de que não está alinhado com os planos da empresa. “É preciso fazer parte da solução e se mostrar disposto a ajudar no que for preciso”, diz Patrícia Molino, sócia-líder da KPMG, consultoria em gestão de RH.
PEGUE LEVE COM O CHEFE
Boa parte dos resultados ruins decorre da falta de clareza na delegação de tarefas. Os chefes não são claros mesmo. Às vezes, eles também não entenderam direito o que quer o chefe deles. A falta de clareza faz parte do processo. Por isso, pergunte, tire dúvidas, desconfie. Isso evitará conflitos e retrabalho.
PERGUNTE-SE COMO
Questione no dia-a-dia de sua área como economizar. Como reduzir o desperdício de papel? Dá para adiar investimentos, como? Com que fornecedores posso renegociar valores? E pense em alternativas.
NÃO SE PRECIPITE
Sob pressão, as pessoas tendem a agir pior do que em condições normais. Isso vale para chefes e colegas. Evite fazer julgamentos precipitados. Avalie as diferenças na forma como uma pessoa se relaciona com chefes e subordinados — principalmente se ela trata esses últimos com respeito. Quando a poeira baixar, você vai saber separar alhos de bugalhos.
DISCORDE, SEM BATER BOCA
Cinco passos para argumentar sem transformar a sala de reunião num ringue:
1. Amarre e relacione suas ideias às metas da empresa.
2. Ofereça sugestões em vez de apenas levantar problemas.
3. Mostre como sua ideia contribui para evitar danos ou superar riscos.
4. Apresente mais de uma opção.
5. Considere as preocupações e medos do interlocutor.
PRATIQUE A AUTOMOTIVAÇÃO
Alguns artifícios podem manter a sua motivação em alta. Confira:
• Converse com muita gente > A troca de experiências vai ajudá-lo a perceber que as incertezas da crise afetam os outros. É, o problema não é só seu.
• Busque o simples > Retome aquelas pequenas coisas, que por vezes ficam de lado, mas que melhoram (e muito!) o astral fora do trabalho. Por exemplo, ir a academia.
• Estabeleça pequenas metas > Combine com seu chefe metas informais intermediárias. Cumpri-las vai lhe dar forças para buscar o objetivo principal.
EXERCITE O BOM HUMOR
53% dos profissionais brasileiros de 30 a 39 anos dizem que preferem trabalhar em ambientes divertidos.
Veja como agradar o chefe sem escorregar na falta de ética:
• Nada de piadas racistas ou apelativas.
• Tenha claramente quais brincadeiras são aceitáveis.
• Se suas tiradas não fazem sucesso, não force a barra.
• Não confunda humor com palhaçada.
• Saiba a hora certa de parar.
MEÇA AS PALAVRAS
Durante a crise é preciso ter mais sensibilidade para dar opiniões. Você pode ter um estilo pessoal, mas tente variar o jeito de falar conforme o interlocutor. Por exemplo, você acha que um comentário crítico vai colaborar com o trabalho da sua equipe? Antes de fazê-lo, verifique se, no lugar de ajudar, você não criará um transtorno maior. Resumindo: calcule bem os efeitos do que você diz.
TINHA MEDO DE DECEPCIONAR DOIS CHEFES
Em seu primeiro dia de trabalho na fabricante de celulares Sony Ericsson, Beni Harari, 27 anos, gerente nacional de trade marketing descobriu que teria duas chefes: uma no Brasil e outra nos Estados Unidos, seguindo a estrutura gerencial da empresa. Fiquei com medo de me complicar com ordens cruzadas”, lembra.
ATITUDE: Beni traçou metas semestrais, que revisa periodicamente com as duas chefes. “Assim, sei se estou no caminho certo”, diz. Quando uma tarefa extra aparece, discuto os impactos no meu trabalho com as duas.
RESPIRE FUNDO
Sabe aquela promoção que o chefe havia prometido? E aquela bolsa para o MBA? Não se surpreenda se planos desse tipo forem congelados. As empresas estão cortando investimentos novos. “É preciso estar preparado para frustrações, porque elas vão ocorrer com frequência”, diz Patrícia Molino, da KPMG. Encare possíveis adiamentos como algo temporário e baixe as expectativas. Assim, diminuem as chances de você se desmotivar.
AGUENTE O TRANCO
A sobrecarga de trabalho é uma das principais reclamações de profissionais e uma fonte permanente de conflitos no trabalho. Neste ano, com demissões e equipes enxutas, a coisa tende a piorar. Para dar conta de tudo, fique atento às prioridades. “Se tentar atender todas as demandas, você não fará nenhuma bem feita”, diz José Augusto Minarelli, presidente da consultoria Lens & Minarelli Associados, de São Paulo. Portanto, organize-se:
• liste tarefas e solicitações;
• separe o importante do urgente;
• comunique os envolvidos;
• se um deles chiar — mesmo que seja o chefe —, mostre seus critérios de priorização e a importância disso para o bom desempenho do trabalho.
NÃO PISE NA BOLA
Cuide da sua reputação, pois você continuará com ela quando as coisas se normalizarem. Não seja oportunista em negociações, por exemplo. Não confunda disposição para superar a adversidade com uma carga excessiva de agressividade nos relacionamentos. Em outras palavras, não pise na bola.
DESCARTE A RÁDIO-PEÃO
Na crise, a fofoca aumenta. Esse é um sério risco à sua produtividade. Tome muito cuidado para não se enrolar com a boataria. Se o assunto for sobre a empresa, a melhor solução é esclarecer com o chefe. Como isso nem sempre é possível , observe o ambiente atentamente e tire suas próprias conclusões. Repercutir fofocas, nem pensar. Além de ser perda de tempo, faz mal à sua imagem. “Aos fofoqueiros não é confiada a liderança de grupos ou participações em projetos estratégicos”, diz Patrícia Molino, da KPMG.
PÉ NO ACELERADOR
Aumente o empenho com que realiza suas tarefas. A pressão por resultados é uma realidade no mundo corporativo, mas em momentos como este — com algumas equipes reduzidas, financiamentos mais demorados e regras mais rígidas —, para atingir o mesmo resultado às vezes é preciso de uma dose extra de sacrifício. Encare como uma fase e tenha claro aonde quer chegar (uma promoção, reconhecimento, aprendizado). Assim, fica mais fácil aguentar as dificuldades!
USE E ABUSE DO TIME
“Combinar competências é o segredo para conseguir extrair ações inovadoras e diferenciadas das equipes”, diz Henri Vahdat, diretor da área de capital humano da Deloitte. Para identificar competências, siga as seguintes ideias:
• tome um café com seus subordinados de vez em quando;
• pergunte a cada um que pontos fortes acreditam ter;
• delegue e acompanhe a execução;
• observe que tarefas são mais adequadas para cada um;
• crie situações que possibilitem a integração da equipe.
CÉREBRO EM ATIVIDADE
Você vai ouvir essa atitude de outras fontes, mas ela é tão importante que vale ressaltar: seja criativo, pense fora da caixa. “Ficar focado no problema não resolve nada. Sai na frente quem consegue romper a mesmice e buscar alternativas”, diz Patrícia Molino, da KPMG. Faça perguntas e procure fontes alternativas. Veja como seus concorrentes resolveram o mesmo problema. Descubra os exemplos internacionais. Discuta suas ideias com alguém que entenda do assunto e verifique a validade delas.
PERDI A OPORTUNIDADE DE SER PROMOVIDO
Danilo Puchetti, 35 anos, gerente de administração de vendas da Ducoco Alimentos, ficou frustrado ao ser preterido para suceder o chefe em seu emprego anterior. “Sentia que estava preparado e acreditava que seria o escolhido”, diz.
ATITUDE: Desde o primeiro momento optou por dizer ao novo chefe que queria o cargo, mas que gostaria de ajudá-lo a conduzir o time e o negócio. “Preferi ser transparente, para não causar mal-entendido. Trabalhamos alinhados, ajudei no que foi possível e quando ele foi promovido me indicou para a vaga”, diz Danilo.
UM POUCO MENOS DE EMOÇÃO
Em momentos de incerteza, as pessoas estão mais vulneráveis a expor seus sentimentos. Isso traz impactos à racionalidade e, consequentemente, piora a capacidade de decisão. Identifique e separe razão de emoção. Dosar os sentimentos é fundamental para manter-se engajado e produtivo.
APRENDA TRABALHANDO
As empresas vão investir menos no desenvolvimento de funcionários este ano. Se você não quer bancar cursos caros agora, aproveite para aprender enquanto trabalha. Segundo dados da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo, 85% do desenvolvimento das pessoas ocorre na prática. Por isso, aceite tarefas desafiadoras, peça ajuda, procure conhecer os dilemas de outras áreas e as soluções que encontraram e encare as situações como inéditas. “Admitir a sua incapacidade para lidar com certas situações é o primeiro passo para aprender”, diz Cláudio Garcia, da consultoria DBM.
CAPITALIZE SEU NETWORKING
Na hora da pressão, informações sobre a empresa e o mercado ganham valor. Não espere que seu chefe dê tudo mastigado para você. Diversifique as fontes com gente de fora da empresa. “Você vai agregar visões importantes, que podem virar uma boa moeda de troca”, diz o professor Joel Dutra, coordenador do Programa de Estudos em Gestão de Pessoas, da FIA.
O CHEFE TEM O PODER... MAS VOCÊ ESTÁ NO COMANDO
Este ano, por causa da crise econômica, o poder está de volta às mãos das empresas — e dos chefes. Mas, mesmo em desvantagem, você pode avaliar como as companhias em que gostaria de trabalhar se comportam. Elas demitem? Elas se esforçam para reter? Avalie quais, de fato, tratam os funcionários como “o seu maior ativo”.
FAÇA SEU TRABALHO APARECER
As empresas buscam (mais do que nunca) eficiência e estão de olho em seus melhores profissionais. É importante que o seu trabalho apareça. Mas cuidado, tem gente que confunde marketing pessoal com exibicionismo. Siga essas dicas para vender seu peixe:
• Apresente suas realizações com informações, clareza e objetividade.
• Só mostre trabalhos completos, para não causar uma primeira impressão errada.
• Comunique-se com o seu chefe. É ele quem precisa estar ciente do seu trabalho.
• Coloque-se à disposição para assumir tarefas complexas.
ESCOLHA OS MELHORES
A perda de um talento produz efeitos graves. “A saída de um profissional-chave da empresa pode ser onerosa e significar até a perda de negócios importantes”, diz Henri Vahdat, da Deloitte. Se você é gestor, identifique quem são as pessoas imprescindíveis e cuide bem delas.
CRIE UMA BLINDAGEM ANTIPESSIMISMO
OK, a crise está aí. Mas não fique pensando exclusivamente nela. Além de tirar a concentração, isso aumenta o pessimismo. “Focar apenas no agora pode criar expectativas ruins e levar os profissionais a tomar atitudes derrotistas e conservadoras”, diz Henri Vahdat, diretor da área de capital humano da Deloitte. A atitude negativa limita seu raciocínio e prejudica seu desempenho. Para manter-se otimista e focado, pense nas perspectivas de médio e longo prazos.
SEJA GENTE FINA (COM O COLEGA)
Quando a empresa enfrenta dificuldades, os empregados se tornam mais individualistas e tendem a se fechar mais. Em ambientes que já eram competitivos, isso se traduz em um nível baixíssimo de coleguismo. Rompa esse ciclo. “Um profissional que é visto como alguém disposto a ajudar contribui para o bom clima e tem mais chances de ser promovido a cargos de liderança”, diz Patrícia Molino, sócia-líder da KPMG, consultoria de RH.
SEJA GENTE FINA (COM O CHEFE)
“Culturalmente, o chefe é visto como super-herói, sem fraquezas”, diz Cláudio Garcia, presidente da consultoria DBM. Muitas vezes, o próprio líder veste essa camisa. Isso é um erro que o isola dos subordinados. Chefes normalmente receberam pouco treino para comandar equipes. Leve isso em conta no seu relacionamento e procure ajudá-lo a chefiar. “Essa sensibilidade pode estreitar a relação e abrir portas”, aponta Cláudio.
SEJA CLARO NO FEEDBACK
O entrosamento das equipes será fundamental para atravessar as turbulências deste ano sem conflitos. Por isso, não espere a avaliação de desempenho para dar e pedir feedback. Faça isso periodicamente. Nas conversas, seja claro e objetivo. Evite os rodeios e as indiretas. “Temos medo de magoar as pessoas com frases incisivas, mas um feedback vai ajudar, por mais duro que ele seja”, diz José Augusto Minarelli, da consultoria Lens & Minarelli Associados.
QUANTO MAIS FLEXÍVEL, MELHOR
Acostume-se à ideia de mudar de atividade com frequência dentro da empresa. “A vida corporativa atual está mais focada em projetos do que em rotina.”, diz Henri Vahdat, da consultoria Deloitte. Quem se adapta a um trabalho flexível ganha créditos e cresce.
CONCENTRE-SE NO QUE IMPORTA
Aumente a concentração no trabalho. Tudo o que as empresas precisam neste momento é foco. Faça o seguinte:
• Descubra as pessoas e assuntos que distraem sua atenção e evite-os.
• Identifique os processos que mais consomem tempo.
• Busque um bom método de otimização das tarefas.
• Evite se envolver em situações que façam você desperdiçar energia, como as fofocas na hora do café ou picuinhas desnecessárias no escritório.
MEU CHEFE ME PERSEGUIA
Renata Duarte Conceição de Oliva, 29 anos, coordenadora de relações com investidores da Comgás, viveu o drama de se sentir perseguida por um chefe em seu emprego anterior. “Tive trabalhos cancelados e uma bolsa de estudo sabotada.”
ATITUDE: Renata optou por não reagir às provocações. Engolia os desaforos. Quando sentiu que a situação brecava seu crescimento profissional, procurou um novo emprego. Levou dois meses para se recolocar. “Foi um período difícil, mas que me ensinou a lidar com adversidades, além de dar um baita jogo de cintura”
ASSUMA SEUS ERROS
62% dos executivos consideram que o pior defeito de um chefe é não admitir os próprios erros. Superar essa atitude negativa é prova de humildade. Nos momentos de tensão, isso demonstra abertura para aprender e capacidade de negociação.
FUJA DA CAÇA ÀS BRUXAS
Evite transformar um erro cometido por um colega em uma caça às bruxas. “É importante tomar cuidado, para não criar um clima de intolerância ao erro”, diz o professor Joel Dutra, coordenador do Programa de Estudos em Gestão de Pessoas, da FIA. Tenha em mente que todos estão na mesma situação e o momento é de cooperar, e não de empurrar a culpa pra frente.
ELEJA O SEU GURU
Escolha uma pessoa experiente, de fora da organização, para orientar seus passos e tirar dúvidas de carreira. Periodicamente marque conversas para contar como anda o trabalho e com quais situações você tem mais dificuldade em lidar. O seu guru deve ser alguém que:
• Inspire confiança .
• Você conheça e admire a trajetória de carreira.
• Tenha uma conduta irrepreensível.
• Seja acessível.
AMPLIE SUA VISÃO ESTRATÉGICA
Muitos profissionais tendem a centralizar tarefas. É uma atitude equivocada de autopreservação. Quem faz isso acha que o controle das situações minimiza riscos e aumenta o poder. Besteira. “Quem se prende às atividades operacionais não gera a oportunidade de participar mais da estratégia”, diz o professor Joel Dutra, da FIA.
RESULTADOS JÁ!
Este ano os resultados terão de aparecer rapidamente. De maneira geral, as empresas estão mais preocupadas em salvar o trimestre do que em planejar o futuro. “Elas precisam de profissionais que deem passos curtos e precisos”, diz Elaine Saad, da Right Management. Avalie bem os riscos antes de tomar decisões.
MAIS AÇÃO, MENOS RECLAMAÇÃO
“As pessoas tendem a colocar a culpa pelas suas incapacidades nos outros”, diz José Augusto Minarelli, da consultoria Lens & Minarelli Associados. Apesar de ser uma atitude comum, ficar sentado colocando a culpa no chefe, no colega, na empresa ou na crise não vai resolver nada. Coloque-se à disposição para ajudar a resolver os problemas. Aja.
É CHATO? EU TOPO
“Em 2009 as tarefas podem não ser desafiadoras, mas é preciso fazer concessões”, diz Patrícia Molino, da KPMG. Traduzindo: prepare-se para aceitar tarefas chatas. E gostar.
VÁ DIRETO AO PONTO
Seja objetivo. Este ano, ninguém tem tempo a perder e:
• pense por que aquela informação interessa ao interlocutor;
• liste os pontos mais relevantes;
• para cada tópico, estruture começo, meio e ? m para o discurso;
• escolha um bom momento para falar;
• fale de forma direta e simples;
• procure identificar o estilo de comunicação de cada pessoa.
FAÇA VALER SUA EMPATIA
Em qualquer situação, antes de reagir, avalie o contexto e imagine o que você faria se estivesse no lugar de seu chefe ou colega. “A empatia está relacionada à maturidade. Quem tem esta habilidade consegue agir com mais segurança”, diz o consultor José Augusto Minarelli.
FIQUE DE OLHO NOS EXPERIENTES
70% dos executivos consideram que a melhor forma de aprendizado é ser treinado por profissionais mais experientes. Enquanto essa crise durar, cole no cara grisalho do departamento. Ele já experimentou — e sobreviveu — a outras crises.
SEM BYPASS, PLEASE
A ansiedade para se destacar será grande neste ano. Quando for fazer propaganda de suas realizações, porém, cuidado para não atropelar seu chefe, e já ir direto falar com o diretor sobre o excelente resultado de vendas da sua área. “Muitas vezes, esse buypass é desnecessário. A melhor forma de uma pessoa aparecer não é essa”, diz Elaine Saad, da Right Management.
PENSE BEM ANTES DE PEDIR AUMENTO
Você realmente quer pedir aumento no meio da crise? Saiba que, na maioria das vezes, isso vai soar como a mais completa falta de noção. E, se isso ocorrer, seu nome pode ir parar na lista de corte. Então, antes de falar com o chefe, avalie se:
...você tem superado as metas e merece ganhar mais;
...pode dar mais um tempo com o salário atual;
...você está preparado para queimar uma ficha.
COM SEGURANÇA, MAS SEM ARROGÂNCIA
Mais do que nunca, você vai precisar confiar no seu taco para tomar decisões e dar opiniões. Mas cuidado: segurança nada tem a ver com arrogância e teimosia. Aparecer como o dono da verdade é péssimo negócio para sua carreira. “Ao desmerecer a opinião alheia, você perde pontos de vista importantes para desempenhar melhor o seu trabalho”, diz o professor Joel Dutra, da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo.
EU DISCUTIA DEMAIS
Rogério Cabral, 36 anos, diretor comercial da empresa de previdência privada Previna, acabou com a fama de brigão em seu emprego anterior por insistir em apresentar clientes que estavam fora do perfil da empresa. “A cada cliente negado, eu batia o pé e discutia”, diz. Demorou seis meses para sacar que a cultura da empresa era diferente. A partir daí, reformulou suas atitudes e melhorou seu desempenho.
ATITUDE: Antes de apresentar um novo cliente, Rogério passou a caprichar nos relatórios, com argumentos mais consistentes e informações mais completas.
ENGAJE-SE
Evite assumir uma atitude individualista. Satisfazer-se apenas em cumprir suas tarefas e assegurar somente o seu bônus são comportamentos que acabam por aliená-lo do que ocorre na empresa. “Demonstre interesse pelo negócio”, sugere Cláudio Garcia, presidente da DBM. Essa atitude vai melhorar sua empregabilidade. “Os profissionais preocupados apenas em segurar o cargo são identificados e logo são mandados embora.”
Por Murilo Ohl e Renata Avediani - Fonte Você S/A
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